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domingo, 23 de diciembre de 2007

Estratégias para planejar a atividade de cria

DBO - O Portal de Negócios do Criador

20/12/2007
Estratégias para planejar a atividade de cria
O agrônomo Celso Lacôrte compara a viabilidade da cria para a produção de bezerros e o ciclo completo, variando tamanho de áreas, rebanho e técnicas de reprodução. Colaborou Beatriz Xavier.

Para descrevermos alguns pontos a respeito do planejamento da atividade de cria de animais precisamos primeiramente considerar que dentro desta atividade existem dois grandes segmentos, a cria com a finalidade de venda de bezerros e a cria para realização do ciclo completo dentro da propriedade. Neste artigo iremos fazer uma rápida comparação entre os dois sistemas, uma vez que esta definição influencia diretamente as necessidades de área e a remuneração sobre o capital.

A cria para venda de bezerros tem se mostrado a de menor lucratividade quando comparada a atividade de cria com objetivo de venda de machos e fêmeas para abate, sendo que esta última necessita de uma área inferior à outra, mas exige um planejamento mais elaborado, uma vez que a área destinada às pastagens terá que suportar as vacas com bezerros ao pé, bezerros desmamados, garrotes e bois gordos.

Para facilitar nossa discussão iremos definir como modalidade 1 a cria para venda de bezerros desmamados, que chamaremos de cria, e modalidade 2 a cria para ciclo completo na propriedade, que chamaremos de ciclo completo. Faremos algumas comparações entre as 2 modalidades no que diz respeito ao tamanho das áreas, tamanho do rebanho e técnicas de reprodução.

Área necessária: As necessidades do sistema de cria são maiores considerando um mesmo faturamento como objetivo, principalmente no sistema extensivo onde a lotação média anual é de 0,7 a 0,9 vacas/ha. Ou seja, para produzir 2.000 bezerros/ano considerando uma taxa de desmame de bezerros de 80% deveremos manter 2.500 vacas distribuídas em cerca de 3.500 ha de área útil, já incluindo uma pequena área de pasto para realização da desmama antes da comercialização.

Neste caso teremos uma estimativa de faturamento anual de R$ 770.000,00 com a venda de bezerros e bezerras desmamados. Nesta situação seria possível uma redução de área mediante intensificação, através do emprego do manejo rotacionado e adubação, mas normalmente isso não ocorre devido à dificuldade de suplementação das vacas no período seco e à baixa rentabilidade do sistema.

No caso do ciclo completo, para atingirmos um faturamento semelhante necessitaremos de 1.100 vacas, com uma taxa de desmame de 80% produzindo, portanto, 880 produtos (440 machos e 440 fêmeas) que, após a ocorrência de mortalidades a taxas médias, resultarão num total de 420 fêmeas e 420 machos para venda aos 2 anos. Nesta situação, considerando as mesmas taxas de lotação da modalidade de cria em sistemas extensivos deveremos disponibilizar 1.500 ha para as vacas, 500 ha para manutenção das desmamas e mais 800 ha para engorda dos animais a pasto, totalizando cerca de 2.800 ha de área de pastagens.

No caso do uso de adubação das pastagens apenas nas áreas de recria, e introduzindo a terminação em confinamento, reduziríamos a necessidade total para 2.000 ha de área útil, já incluindo cerca de 30 ha visando a produção de volumoso para o confinamento.

Como se observa pelo tamanho das áreas citadas os investimentos em terra vão variar de acordo com a modalidade escolhida, pois além das pastagens, as fazendas devem dispor da área de preservação permanente e reserva legal.

Tamanho do rebanho: Ainda baseado nos exemplos acima, o rebanho no caso da cria irá variar de 2.500 (vacas solteiras) a 4.625 cabeças (vacas com bezerros ao pé). Para o ciclo completo este rebanho irá variar entre 2.300 e 3.100 cabeças. 

Técnicas de reprodução: Nos dois sistemas é possível trabalhar com monta natural ou inseminação artificial, sendo que é unânime entre os técnicos que se utilize, nos dois casos, uma estação de monta a ser definida de acordo com a época das chuvas e técnicas de manejo.

No caso de grandes rebanhos normalmente as duas técnicas são utilizadas, sendo que no uso da inseminação são formadas equipes de trabalho para cada 1.500 a 2.500 vacas, normalmente formadas por 3 a 4 funcionários, sendo pelo menos 2 inseminadores. A inseminação pode ser realizada pela observação de cio durante a estação de monta ou pelo uso da técnica de IATF (Inseminação Artificial em Tempo Fixo), onde as vacas são estimuladas ao cio e inseminadas em lotes praticamente ao mesmo tempo. Nessa situação é muito importante o planejamento dos lotes de acordo com a mão-de-obra disponível e época de nascimento dos bezerros, uma vez que estes ocorrerão de forma muito concentrada.

Gostaríamos de ressaltar que nas duas modalidades pode ser utilizado o cruzamento industrial, sendo que no caso da inseminação artificial as opções de raça são muitas e no caso de monta natural tem crescido a utilização de touros de raças adaptadas ou compostas.

Nutrição: Além dos fatores já citados outro tópico que apresenta grande diferença entre os dois sistemas é a alimentação do rebanho. No caso da cria normalmente são utilizados apenas suplementos minerais de 1 ou 2 tipos, sendo um deles mais concentrado no que diz respeito aos níveis de fósforo e cálcio normalmente utilizados durante a estação de monta.

No caso do ciclo completo, o número de suplementos é bem maior, uma vez que durante a fase de recria e engorda podem ser utilizados a pasto, além da mistura mineral, proteinados de baixo ou de alto consumo e concentrados. Neste sistema em inúmeras fazendas se utiliza também o confinamento para a fase final da engorda tanto de bois como das fêmeas destinadas ao abate.

Abaixo apresentamos um exemplo de programa nutricional:

Observação: Nas células em que são apresentadas 2 opções é utilizada uma ou outra, de acordo com o peso do animal e época prevista para a comercialização. Onde está listado Mineral 90 trata-se de suplemento mineral com 90g de fósforo por kg de produto e onde se lê Proteinado AC trata-se de um proteinado de alto consumo, ou seja, de 2 a 3 g de consumo por Kg de peso vivo.

A definição da capacidade de investimento é o ponto chave para escolha da modalidade de cria, uma vez que tomando por base as áreas e rebanhos exemplificados neste artigo os investimentos necessários são elevados, considerando-se os preços médios de terra e gado nos estados do Sudeste e Centro-Oeste. Desta forma torna-se vital a intensificação para elevar a competitividade do segmento de cria dentro da agropecuária, qualquer que seja a modalidade conduzida.

Mario Celso Lacôrte é agrônomo e sócio da Plano Consultoria Agropecuária. Colaborou Beatriz Dias Corrêa Xavier.  




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