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viernes, 24 de abril de 2009

Avaliação dos efeitos de calcários no perfil do solo

Avaliação dos efeitos de calcários no perfil do solo

Pedro Henrique de Cerqueira Luz
Professor Associado da USP - FZEA - Departamento de Agrárias.
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Valdo Rodrigues Herling
Professor associado da USP - FZEA - Departamento de Agrárias.




Normalmente, quando o calcário é aplicado ao solo, considera-se que ele deve reagir no perfil denominado arável, onde o sistema radicular estará presente em maior proporção. No entanto, em algumas explorações não é possível a incorporação do calcário por prejudicar a cultura já implantada. Assim, por exemplo, em pastagens formadas por muitas espécies e ou cultivares perenes, após amostragem do solo realizada no final da estação das águas, o produto é aplicado em superfície. Os animais continuam tendo acesso ao pasto e as fertilizações realizadas apenas no início da estação das águas.

O grande questionamento que fica é se o produto aplicado sem incorporação terá possibilidade de corrigir o perfil do solo e em quanto tempo isso ocorrerá para ser efetivo na correção da acidez. Numa condição em que o agropecuarista está atrasado na prática da calagem, além do tipo de calcário, se a aplicação do produto for realizada próximo ao plantio ou semeadura, ele terá sucesso nessa prática?

Como sempre há essa dúvida por parte dos produtores, um experimento foi conduzido na Faculdade de Zootecnia e Engenharia de Alimentos - FZEA/USP em Pirassununga, com o objetivo de avaliar os efeitos de tipos e doses de calcário na correção da acidez e saturação por base no perfil (0-5; 5-10; 10-20; 20-40; 40-60; 60-80 cm) e no tempo (15, 30, 45, 60, 90, 120, 180 e 360 dias), em um Latossolo Vermelho não férrico (solo argiloso).

Os dados analíticos, químicos e físicos do solo, anterior à distribuição dos tratamentos experimentais encontram-se, respectivamente, nas Tabelas 1 e 2. O calcário foi aplicado em superfície e não incorporado e as doses foram calculadas para elevar V% para 40 e 80%.

Os tratamentos foram dispostos em blocos completos ao acaso, com quatro repetições, em arranjo fatorial incompleto (5 tipos de calcário x 2 doses V= 40 e 80%), perfazendo um total de 44 unidades experimentais, uma vez que em quatro parcelas não foi feita a aplicação do produto.

Tabela 1. Atributos químicos do solo da área experimental no Campus da USP - Pirassununga-SP



Clique na imagem para ampliá-la.

Tabela 2. Características físicas do solo utilizado no experimento



As informações técnicas, referentes aos calcários utilizados, estão inseridas na Tabela 3, segundo a antiga classificação de tipos de calcário de acordo com o teor de MgO.

Tabela 3. Características químicas dos calcários



É importante mencionar que o valor encontrado para reatividade (RE) significa que um valor percentual do poder de neutralização (PN) terá ação para corrigir o solo em 90 dias. A diferença entre PN e PRNT expressa o valor percentual que ficará sem reagir nesse tempo e que, portanto, terá efeito residual. Assim, o calcário dolomítico convencional terá 23% de seu calcário com poder residual após os 90 dias e o calcário dolomítico ¨Filler¨ reagirá totalmente nesse tempo.

Aos 15 dias após a calagem superficial, constatou-se aumento do pH em CaCl2, que se restringiu à camada de 20 cm para o calcário "Filler", sendo que o efeito em profundidade, com o dolomítico convencional, somente ocorreu a partir dos 45 dias da calagem. A calagem ainda proporcionou redução nos teores de alumínio trocável, em que a ação do tipo "Filler" prevaleceu nas camadas superficiais, enquanto o dolomítico convencional e o calcinado promoveram redução do Al em profundidade. Para a camada de 20-40 cm (sub-superfície) notou-se ação mais efetiva para a elevação do pHCaCl2 para o calcário tipo "filler" seguido pelo calcinado e por último o convencional, de acordo com a Figura 1. A reação dos calcários no perfil do solo, em função do tempo, atingiu o maior valor de pHCaCl2 aos 90 dias, vindo a decrescer posteriormente e voltando às condições iniciais aos 360 dias, conforme pode ser observado na Tabela 3.

Figura 1. Valores de pHCaCl2 em função do tipo de calcário e época de avaliação para a camada de 20-40 cm



Clique na imagem para ampliá-la.

Tabela 3. Valores de pHCaCl2 para a camada de 20-40 cm em função de doses de calcário e época de avaliação



Para o Ca notou-se, também, efeito evidenciando a movimentação no perfil do solo, Figura 2, no qual observam-se "picos" de Ca para as várias camadas do solo, por exemplo, para a camada de 0 - 5 cm ocorre maior valor aos 45 dias, enquanto que para a e 5 - 10cm aos 90 dias. A partir dos 10 cm, o calcário aplicado a lanço e sem incorporação tem pouco efeito de alterar os teores de Ca, ficando mais evidentes nas camadas superficiais (0 - 5 e 5 - 10).

Figura 2. Evolução do teor de Ca no perfil do solo para a dose de V=80% em função de época de amostragem



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Pelos teores de Ca ao longo do perfil do solo (Figura 3), percebe-se sua movimentação, atingindo maior valor em profundidade aos 90 dias, vindo a reduzir-se novamente aos 180 dias. Tal fato pode ser explicado pela ação conjunta da lixiviação do Ca e da remoção pelas plantas existentes. Esse comportamento confirma que a máxima reação do calcário ocorre por volta de 90 dias, sendo necessária então a antecedência da calagem em relação à semeadura ou plantio.

Figura 3. Teores de Ca no perfil do solo após 15, 90 e 180 dias da calagem



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Os dados da V% confirmaram a necessidade de um período de tempo para que ocorra a reação dos calcários no perfil do solo (Figura 4), para o qual se deve levar em conta o tipo de calcário (PRNT) e a camada desejada. No caso de pastagem a correção da camada de 0-10 cm ocorreria já aos 45 dias, enquanto que visando corrigir a camada até 20 cm demandaria maior período, ou seja, entre 60 e 90 dias, e para 20-40 cm acima de 90 dias.

Esses resultados evidenciaram a ação corretiva do calcário ao longo do perfil do solo, em função da reatividade, ou seja, o PRNT do produto, e do tempo de reação, confirmando a possibilidade de aplicação superficial sem a necessidade de incorporação, associado ao fato da pastagem ser formada, em sua maioria, por espécies e ou cultivares considerados perenes.

Dessa forma, deve-se considerar que os efeitos benéficos da calagem se dão ao longo do perfil do solo, porém dependendo do tipo de solo, produto, intensidade de uso da pastagem e dos fatores de acidificação, ela apresenta um período efetivo de correção, havendo a necessidade de se amostrar o solo anualmente, com perspectiva de se realizar a calagem novamente num período de 2 a 4 anos.

Figura 4 Valores de saturação por bases no perfil do solo durante o período de avaliação.

Para ver el artículo con sus gráficos, por favor visite el sitio:
http://www.beefpoint.com.br/avaliacao-dos-efeitos-de-calcarios-no-perfil-do-solo_noticia_52254_60_177_.aspx

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